quinta-feira, 20 de dezembro de 2012

Dancing at the end


Foi num dia chuvoso, como todo clichê, que nos conhecemos. Ela vestia rosas coloridas estampadas num vestido longo de malha amarela. Seus olhos eram como verdes esmeraldas que traziam um brilho que eu não tinha mais. A primeira palavra foi um olá, acompanhado do sorriso sincero de quem não tem o que esconder. Conversamos por alguns minutos, senti a simplicidade de seus dizeres como uma música de melodia suave. Mas era preciso ir embora.

Sem saber onde estava, observei as estrelas no caminho para casa. Me sinto confortável em ouvi-las dizer o que penso. Como quem viaja em pensamentos, planei sobre os ares e me encontrei com as nuvens, que não eram muitas naquele dia. A suave melodia, que ainda sentia me alcançar, não me deixava entender o que elas diziam pra mim. Num leve tropeço caí e me perdi por não saber se queria ir ou ficar.

Ouvi batidas fortes, como as de um bumbo de bateria francesa. O som parecia se aproximar muito rápido. Com medo, não conseguia me mover. Pra mim não havia mais jeito. Guitarras solavam, acordeons bufavam, pianos de calda pulavam. E quando achei que ia morrer, abri os olhos. Ela ainda estava lá.

terça-feira, 13 de novembro de 2012

Diariamente

Acordei um dia
sem pensamentos
perdida em lamentos
de um amor que acabou.

Acordei outro dia
envolvida em seus braços
que pareciam dois laços
consagrando o amor.

E num outro dia qualquer
dormi pensando...
sonhei ser tua mulher

e a noite envolveu-me.
perdi-me no tempo.
acordei mais um dia.

Senti-te ao meu lado,
corri desolada,
aos prantos, molhada,
pensei no terraço.

Acordei outro dia
num lugar escondido.
a luz brilhava,
ofuscante,
até pensei ter morrido.

Descobri-me louca
de andar por aí, sem destino,
e acordei na sombra,
de um outro dia, sorrindo.

Dormi outro dia
com você ao meu lado.
Meus olhos fecharam
e minhas meninas,
há muito privadas,
não queriam mais ficar,
correram de meus olhos
evacuaram o lugar.

Poema meu dos antigos. Achei na net.
Alterego feminino. Se o Chico Buarque pode, por que eu não?
Essa da foto é a Cris. Tirei num espetáculo de Teatro do Colégio Dinâmico.

quinta-feira, 14 de junho de 2012

Ela nasceu sem ver
pois a luz a cegava.
Ela nasceu sem saber
o que no mundo a esperava.

E quando pode parar
olhar.
sorrir.
Sentiu o ar que a continha

Na relva deitou-se
Sob o céu repousou
Banhada em luar
sem nada esperar
seu destino abraçou.